SÃO PAULO — O mercado ...

Depois de meses de negociação, um acordo foi fechado. Em fevereiro de 2016, a Argentina concordou em pagar US$4,6 bilhões aos credores que haviam rejeitado a reestruturação da dívida, sendo US$2,4 bilhões apenas para Paul Singer e seu fundo. O montante representava cerca de 1.600% de retorno sobre o valor investido, tornando essa uma das apostas mais lucrativas da história de Wall Street.
A vitória consolidou Singer como um dos investidores mais implacáveis do mercado. Seu modelo de negócios, baseado na compra de dívidas de países quebrados para depois litigá-las até obter pagamento total, já havia sido utilizado antes na Peru, Congo e Equador, mas o caso argentino foi o mais emblemático.
A decisão de Macri de ceder à pressão dos credores foi vista como um mal necessário por alguns e como uma rendição vergonhosa por outros. A Argentina voltou ao mercado internacional de crédito, mas o acordo estabeleceu um perigoso precedente: outros países endividados poderiam enfrentar o mesmo tipo de assédio por parte de fundos abutres no futuro.
Já Singer, apesar das críticas, continuou expandindo seus investimentos e ampliando a influência do Elliott Management. Seu fundo gerencia mais de US$ 60 bilhões em ativos e segue operando agressivamente nos mercados globais.
Embora muitos o enxerguem como um símbolo do capitalismo predatório, há quem o admire por sua frieza e disciplina. Afinal, ele não quebrou nenhuma lei — apenas soube explorar as falhas do sistema financeiro internacional de maneira brutalmente eficiente.No fim das contas, a história de Paul Singer e da Argentina mostra que, no mundo das finanças, a paciência e a estratégia podem valer bilhões. Enquanto alguns veem um abutre rondando carcaças econômicas, outros enxergam um dos investidores mais inteligentes e persistentes da era moderna.